Origem comum africana da humanidadeTodos procedemos de África. Colonização do mundo do Homo sapiens. Eva NegraSegunda parte do artículo «África: o berço da humanidade».
A terceira revolução africana (e a fundamental): Homo sapiens. Hoje se aceita que a Humanidade, todos e a cada um de nós, temos uma origem comum africana. Sabe-se, além disso, que devido à nossa homogeneidade, procedemos de um grupo reduzido de indivíduos de África, situando a nossa origem faz entre 300.000 e 100.000 anos. Desde esta origem africana, Homo sapiens colonizou todo o mundo. Na Ásia, substituiu ao Homo Erectus e na Europa aos Neandertais. A primeira globalização da história da humanidade produzia-se; desde então Homo sapiens não parou de mover-se. Esta hipótese da uma origem comum africana recebeu o nome de «Out of África». Há que assinalar que existe também a hipótese da uma origem multi-regional. Mas parece ser que cada vez mais é indubitável a realidade da nossa origem africana. Em 1987 públicou-se um trabalho sobre a variação do ADN mitocondrial nos humanos (Cann, Stoneking e Willson). Segundo as suas investigações existem dois grupos em relação à similitude do DNA mitocondrial, um exclusivamente de origem africana e outro de origem misto. Assim estimaram que: A origem da humanidade situar-se-ia ao redor de há 200.000 anos e que, além disso, todos procederam da uma mesma mulher, a «Eva Negra». Em 1986, Wainscoat apresentou os seus estudos de ADN nuclear. As suas conclusões foram que: Toda a humanidade atual prove de seiscentos Homo sapiens que viveram em África há 100.000 anos. Estudos posteriores de cromossomas, também descobriram que teve uma segunda emigração desde África há 50.000 anos e acabou colonizando a Ásia e a Austrália. Estima-se que Sapiens chegou ao continente americano faz uns 17.000 anos cruzando o estreito de Bering. Descobriu-se também que nesta migração global, foi à mulher quem mais se moveu, sendo o homem mais sedentário, o que indicaria uma possível sociedade patrilocal (*). (*) Em Antropologia, em uma sociedade patrilocal, o homem ao casar-se permanece no lar paterno junto da sua esposa. Resumo geral dos últimos 6 m.a.
Conclusões. Como pudemos observar, a África tem a liderança nos últimos 6 milhões de anos. Todas estas mudanças tiveram local em um continente hoje marginado. Todos nós, a cada um dos 7.000 milhões de habitantes que habitamos os cinco continentes, temos uma origem comum desde que faz uns 100.000 anos um reduzido grupo de Homo sapiens africanos iniciou a colonização do mundo. Nas terras africanas emergirá uma das maiores civilizações de todos os tempos, a egípcia. Hoje sabemos graças aos estudos de Cheick Anta Diop, da fortíssima relação entre a África e a civilização egípcia. Cheick Anta Diop também analisou, entre outros temas, as contribuições da África à humanidade. Também podemos pensar que o primeiro pensamento monoteísta da história surgisse no Egito com a figura de Akhenaton (1300 AEC). «A África tem uma história. A África é o berço da humanidade e em onde a história nasceu. É por isso que cada africano, cada africano deve ser aqui e agora, um valor acrescentado. Cada geração te que construir pirâmides» Joseph Ki-Zerbo. Algo que a historiografia ocidental tem obviado durante séculos. Nos últimos séculos, a Civilização Africana interagiu com a Civilização Islâmica e à Ocidental. Duas religiões externas, primeiro o Cristianismo penetrando pelo norte de África e posteriormente o Islão, arraigaram em África. Quiçá esse seja um das maiores ameaças às que enfrenta-se África: um possível choque de civilizações, sobretudo no Sahel. A África verá quiçá a maior tragédia da humanidade, o comércio de escravos durante 400 anos; a UNESCO estima que entre «25 e 30 milhões de africanos foram deportados, sem contar o número de mortos nos navios, as guerras e as razzias». Um comércio de escravos que será uma das bases do domínio da Civilização Ocidental. A África sofrerá a diáspora africana, o colonialismo, a independência, a destruição de muitos valores tradicionais, os efeitos da guerra fria, sangrentas guerras civis, novas pandemias como a SIDA, as condições draconianas do serviço da dívida, a marginalização na globalização (hoje em dia África só representa 3% do comércio mundial...). Mas o futuro de África é otimista. Recentemente a UNICEF afirmava que «O futuro da humanidade é cada vez mais africano». Hoje em dia, a população de África é de 1.100 milhões de habitantes (de um total de 7.000 milhões), mas estima-se que em 2030 sejam 1.600 milhões e que em 2.100 sejam 4.000 milhões de africanos, o que representará que dentro de 35 anos, 25% da humanidade será africana e que existirão uns 1.000 milhões de nigerianos. Em África está a emergir uma nova classe média estimada hoje em uns 350 milhões de africanos (34% da população ativa). Em África vimos à chamada «Revolução africana do telemóvel», estima-se que há 650 milhões de usuários de telefones móveis. Mas em 2040, a classe média africana podem ser 1.100 milhões de habitantes (42% da população ativa). Estima-se também que em 2040 a metade dos africanos viverá em uma cidade. Para 2050, prevê-se que a população africana seja de ao menos 2.400 milhões de habitantes e continuará crescendo até 4.200 milhões, quatro vezes o seu tamanho atual nos próximos cem anos. Além do chamado «dividendo demográfico de África» (considera-se que África é já o maior mercado de trabalho do mundo graças a que a população jovem representa 60%), dos enormes recursos naturais, da emergência de várias economias africanas (a metade dos chamados mercados fronteiriços mundiais são africanos, sendo a Nigéria o primeiro mercado fronteiriço mundial e a primeira economia africana, tendo deslocado a África do Sul) e da imparável tendência para a total integração africana (a chamada Área de livre-comércio Continental Africana formada por cinquenta e quatro países, 1.000 milhões de habitantes e um PIB combinado de 1,2 triliões de dólares), liderada pela União Africana, tudo parece indicar que África retoma a função que lhe corresponde na história da humanidade, tomando uma liderança geoestratégica, económica e humana na economia globalizada. Autor: Mestrado: Negócios na África Subsariana. Doutoramento em Negócios Africanos. Mestrados adaptados para os estudantes de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, de Portugal e de São Tomé e Príncipe. Origine Africain Humanite African Origin Humanity Origen Africano Humanidad. (c) EENI Global Business School (1995-2024) |